Também conhecido pela sigla CBD, o canabidiol é um tipo de composto que interage diretamente com o sistema endocanabinoide do corpo humano, sendo assim utilizado como matéria-prima para diversos produtos e medicamentos, predominantemente na forma de óleo.

A crescente quantidade de estudos científicos aponta para seus benefícios no tratamento de uma ampla gama de doenças e sintomas.

Devido à sua interação com o sistema endocanabinoide, o canabidiol apresenta um grande potencial terapêutico, sendo eficaz no tratamento de diversas doenças e condições de saúde.

Outro canabinoide amplamente estudado é o THC (tetrahidrocanabinol), que também possui propriedades medicinais, sendo frequentemente utilizado no tratamento da dor, em pacientes com câncer e em cuidados paliativos. Contudo, para garantir segurança, é importante que os medicamentos com CBD contenham menos de 0,3% de THC, o que assegura a ausência de efeitos psicoativos.

O canabidiol apresenta efeitos terapêuticos com um perfil de segurança favorável, minimizando efeitos colaterais. Esse benefício se deve ao chamado efeito entourage, no qual a combinação de diversos compostos químicos da planta potencializa seus efeitos benéficos, ao mesmo tempo que reduz reações adversas.

O sistema endocanabinoide desempenha um papel crucial na regulação do equilíbrio funcional do corpo humano. Por isso, a interação do canabidiol com esse sistema pode trazer impactos positivos tanto no tratamento de doenças graves quanto em condições que afetam a qualidade de vida, como distúrbios do sono e do apetite.

O canabidiol é uma abordagem promissora no tratamento de sintomas associados a doenças crônicas, neurodegenerativas e de difícil manejo. Entre as condições que podem se beneficiar do tratamento com CBD, destacam-se:

O efeito ansiolítico do canabidiol é uma área de pesquisa que vem sendo intensamente explorada, inclusive por estudiosos brasileiros. Um exemplo é o trabalho do professor José Alexandre Crippa, da USP, que investiga o uso do CBD para o tratamento de distúrbios mentais como os transtornos de ansiedade.

Em 2012, pesquisadores brasileiros publicaram na Revista Brasileira de Psiquiatria um artigo revisando a literatura sobre o uso do canabidiol como ansiolítico. Eles concluíram que o CBD tem um perfil de segurança adequado, é bem tolerado e mostrou resultados positivos em testes com indivíduos que sofrem de ansiedade.

O estudo "Effect of Cannabidiol on Drop Seizures in the Lennox-Gastaut Syndrome", publicado em 2018 no The New England Journal of Medicine, é um dos muitos que indicam a eficácia do canabidiol no tratamento de pacientes com epilepsia, especificamente na Síndrome de Lennox-Gastaut (SLG), uma forma grave de epilepsia pediátrica. O estudo demonstrou que a adição do CBD ao tratamento convencional reduziu significativamente a frequência das convulsões.

O canabidiol pode ser administrado de várias formas, sendo a mais comum o uso do óleo de CBD para administração sublingual. Existem também produtos para uso tópico, como cremes, pomadas, cápsulas e óleos, que são aplicados diretamente sobre a pele e são úteis no tratamento de condições como psoríase, dermatite atópica e acne.

Além do óleo e do uso tópico, o canabidiol pode ser utilizado em tinturas, vaporizadores e até supositórios.

O óleo de canabidiol (CBD) é um produto derivado da Cannabis, onde o canabidiol é o principal componente. Ele pode ser comercializado em cápsulas, mas é mais frequentemente encontrado em frascos para administração sublingual.

Os óleos de CBD são categorizados de acordo com sua composição:

Estudos clínicos mostram que, na maioria dos casos, o canabidiol tem alta eficácia com poucos efeitos colaterais, como sonolência, náusea, diarreia e, em alguns casos, aumento das enzimas hepáticas. Estes efeitos são geralmente leves e toleráveis.

Contrariando o senso comum, o canabidiol, na proporção correta, pode ajudar a reduzir o apetite e tem demonstrado transformar a gordura associada à obesidade e diabetes em gorduras benéficas. Além disso, o CBD pode acelerar o metabolismo e facilitar a queima de calorias.

Diferentemente de outros componentes da Cannabis, como o THC, o canabidiol não possui potencial de dependência. Pelo contrário, estudos sugerem que ele pode desempenhar um papel no auxílio a pacientes que buscam se livrar de dependências químicas.

Existem algumas restrições para o uso do canabidiol, como:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamenta o uso de medicamentos à base de canabidiol no Brasil desde 2015. Desde então, várias aprovações de produtos à base de Cannabis foram realizadas, sendo legalizada a importação de produtos mediante prescrição médica.

Atualmente, existem medicamentos à base de canabidiol aprovados pela ANVISA e disponíveis para venda no país, mas eles são de custo elevado.

Somente médicos estão autorizados a prescrever medicamentos à base de canabidiol no Brasil, desde que o paciente se enquadre nos critérios estabelecidos para seu uso terapêutico. Além disso, para produtos com teor de THC acima de 0,2%, a prescrição é restrita a pacientes em cuidados paliativos ou para aqueles que tenham esgotado as opções terapêuticas convencionais.