Estudo indica que o Canabidiol pode auxiliar na regeneração dentária, segundo pesquisa da USP

Um estudo realizado na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp-USP) indica que o canabidiol pode desempenhar um papel crucial na regeneração dentária. Os pesquisadores observaram que a substância estimulou a biomineralização dos dentes mesmo em condições inflamatórias, apontando para um potencial terapêutico na odontologia regenerativa.

Os resultados, publicados no Journal of Dentistry, destacam que o canabidiol não apenas promove a formação de tecidos dentários, mas também atua como agente anti-inflamatório. Essa descoberta pode trazer benefícios para pacientes com problemas dentários decorrentes de inflamações, como cáries profundas, traumas ou outras condições que afetam a polpa dentária.

Os pesquisadores utilizaram células da polpa dentária de camundongos para estudar os efeitos do canabidiol. Inicialmente, as células foram expostas ao fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), associado a processos inflamatórios e doenças autoimunes. Posteriormente, as células foram tratadas com diferentes concentrações de canabidiol por períodos variados, com o objetivo de avaliar a capacidade das células de sobreviver e funcionar em um ambiente inflamatório, investigando os efeitos bioativos da substância da Cannabis sativa.

Para avaliar a biomineralização, os cientistas utilizaram o corante vermelho de alizarina, que marca a presença de nódulos de mineralização essenciais para a regeneração dentária. Esse processo é crucial, pois as células-tronco mesenquimais da polpa dentária migram para áreas lesionadas e se diferenciam em odontoblastos, responsáveis pela formação e manutenção da dentina, camada que protege a parte interna do dente.

Além de estimular a regeneração dentária, o estudo investigou a ação do canabidiol sobre células do sistema imunológico, especialmente os macrófagos. Os testes demonstraram a capacidade do canabidiol de inibir a produção de mediadores inflamatórios pelos macrófagos, principalmente após 24 horas de exposição. Isso sugere que a substância não só pode promover a regeneração dentária, mas também reduzir a inflamação local, fator crucial para o sucesso de tratamentos odontológicos regenerativos.

O professor Francisco Wanderley Garcia de Paula-Silva, coordenador da pesquisa, destaca que os resultados indicam o potencial do canabidiol como agente bioativo na reparação de tecidos dentários inflamados. Contudo, ressalta que são necessários mais estudos antes da aplicação clínica da substância. A próxima etapa envolve estudos clínicos em humanos para avaliar a eficácia e segurança do canabidiol, incluindo questões como dosagem e interações com outros tratamentos odontológicos.

Antes de ser utilizado na prática odontológica, o canabidiol deve passar por processos de validação e aprovação por órgãos reguladores de saúde, além de revisões éticas e estudos independentes. Com o interesse crescente da ciência nos benefícios terapêuticos dos canabinoides, espera-se que mais pesquisas sejam realizadas, abrindo caminho para potenciais aplicações clínicas na odontologia regenerativa.

Fonte: Sechat.