A proibição da cannabis: violência estrutural
- Redação
Revolução no pensamento sobre a cannabis, a substância milenar, é discutida no livro "A proibição da Cannabis: garantismo e violência estrutural" da autora Gabryella Cardoso. A cannabis, antes valorizada, foi estigmatizada como uma droga perigosa no século passado, especialmente pela população urbana. A limitação do direito penal restringiu a liberdade, tornando as pessoas sujeitas ao controle moral. O sistema penal brasileiro, herança do período escravagista, via negros como transgressores a serem detidos, criando leis de controle nas quais a cannabis era associada a práticas culturais africanas. Os estudos médicos da época condenavam o uso da cannabis, argumentando que afetava a ordem moral da sociedade. Inspirado pelos EUA, o Brasil intensificou a repressão, associando o uso da maconha à violência e agressividade, ampliando estereótipos negativos. Profissionais, como o psiquiatra Rodrigues Dória, contribuíram para a criminalização da cannabis, promovendo discursos preconceituosos. A proibição, embasada em supostos males, visava manter uma suposta pureza racial, marginalizando práticas culturais diferentes. Na tentativa de controle e embranquecimento forçado, práticas religiosas como a Umbanda tiveram seus rituais modificados para se adequarem às leis vigentes. Enquanto isso, a maconha foi criminalizada, refletindo a continuidade do controle social pós-abolição da escravatura. A proibição da cannabis serviu à marginalização de afro-brasileiros e à imposição de uma cultura dominante. Atualmente, a violência estrutural persiste, prejudicando milhares de pessoas, e evidenciando como a legislação penal pode ser usada de forma opressiva em detrimento da diversidade cultural e social.
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