Atualizado: 31 maio, 2025 19:43 <p>O Congresso Brasileiro de Cannabis Medicinal (CBCM) lançou um alerta — e um convite. O Brasil atravessa um momento decisivo no avanço da Cannabis medicinal, e quem ainda hesita em encarar o tema com a seriedade necessária corre o risco de ficar para trás.</p>
<p>Realizado no Expo Center Norte, em São Paulo, o evento escancarou lacunas regulatórias, <a href="https://www.cannabisesaude.com.br/veterinarios-podem-prescrever-cannabis/" target="_blank" rel="noopener">celebrou avanços no uso veterinário</a> e expôs, com números, o vigor de um mercado que atendeu cerca de 672 mil pacientes só em 2024. Mais que um congresso, o CBCM foi um termômetro da transformação em curso — econômica, <a href="https://www.cannabisesaude.com.br/uma-decada-de-regulacao-uma-decada-de-evidencias/" target="_blank" rel="noopener">científica</a> e jurídica.</p>
<p>De negócios a políticas públicas, da saúde humana à veterinária, os painéis revelaram um setor que cresce mais rápido que sua própria regulação e começa a se consolidar como polo de inovação, cuidado e empreendedorismo.</p>
<h2><strong>O novo ciclo da Cannabis: entre mercado, ciência e política</strong></h2>
<p>No módulo Business Cannabis, o tom foi direto: o setor está pronto. Na mesa <em>“Oportunidades e Desafios do Mercado de Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial”</em>, Juliana Tranjan destacou o Cânhamo industrial como vetor de inovação agrícola e sustentabilidade. Já Maria Eugênia, da KayaMind, cravou os dados que fincam o debate na realidade: mais de 672 mil pacientes atendidos no último ano e um mercado que segue em expansão.</p>
<p>No painel sobre investimento e financiamento, mediado por Ricardo Amorim, os empresários Guillermo Delmonte, Stephen Malloy e Marcelo Galvão traçaram o cenário de um setor em consolidação. Galvão ressaltou a relevância das farmácias de manipulação. Mais do que promissoras, essas redes sustentam um tripé que interessa tanto ao mercado quanto à saúde pública: personalização de tratamento, capilaridade no acesso e geração de empregos qualificados.</p>
<h2><strong>VetCannabis: o alívio que vem da ciência — e da empatia</strong></h2>
<p>O módulo VetCannabis mostrou que a medicina veterinária não apenas acompanha o avanço da Cannabis medicinal — ela é parte fundamental desse movimento. Pesquisadores, clínicos e ativistas apresentaram uma variedade de aplicações terapêuticas, dos pets domésticos às aves de corte.</p>
<p>A veterinária Carollina Mariga iniciou com estudos sobre uso tópico em cães e gatos, destacando efeitos anti-inflamatórios e analgésicos. A novidade ficou por conta do veterinário José Rodrigo Pandolfe, que provocou o público ao relatar aplicações promissoras em suínos e frangos, além de destacar o potencial da planta nas cadeias produtivas brasileiras.</p>
<p>Aline Goulart compartilhou experiências no cuidado com fauna silvestre, reforçando a necessidade de tratamentos integrados que valorizam a empatia e o cuidado personalizado. Mariana Fernandes Jorge e Marcela Sanches destacaram o potencial da Cannabis como um novo aliado na oncologia veterinária — ainda que o tema enfrente entraves legais e desinformação.</p>
<h2><strong>Educação: formar para não atrasar</strong></h2>
<p>Um dos momentos mais contundentes veio do painel sobre formação profissional. <a href="https://www.cannabisesaude.com.br/prescritor/consulta-dr-joao-carlos-normanha-ribeiro/" target="_blank" rel="noopener">João Normanha</a> foi enfático: <em>“Seguimos formando profissionais de saúde que ignoram um sistema fisiológico descoberto há mais de 40 anos: o Sistema Endocanabinoide.”</em></p>
<p>Para ele, entender a farmacologia da Cannabis é um dever técnico e ético — não se trata de “gostar ou não”, mas de estar preparado para atender pacientes que já fazem uso da substância.</p>
<blockquote><p>“Há mais de 40 anos foi descoberto o Sistema Endocanabinoide, e ainda hoje formamos profissionais de saúde que sequer o conhecem. Não se trata de gostar ou não da Cannabis — trata-se de compreender sua farmacologia e os impactos no corpo humano. Mesmo quem não prescreve vai atender pacientes que fazem uso. Por isso, conhecer esse sistema não é mais uma escolha: é uma obrigação ética e técnica. <a href="https://www.cannabisesaude.com.br/uso-da-cannabis-medicinal-cresce-no-brasil-e-impulsiona-capacitacao-de-medicos/" target="_blank" rel="noopener">Os cursos de pós e extensão cumprem esse papel essencial, nivelando o conhecimento em torno de um tema central para o cuidado moderno</a>“. disse.</p></blockquote>
<h2><strong>2030 como horizonte: utopia ou plano de ação?</strong></h2>
<p>O encerramento do primeiro dia foi um exercício de imaginação fundamentada. No painel “O Futuro da Cannabis Medicinal e do Cânhamo no Brasil”, a advogada Carla Coutinho guiou a plateia por uma linha do tempo ousada, mas plausível. Entre os vislumbres desse futuro, estão a <a href="https://www.cannabisesaude.com.br/prefeitura-de-sao-paulo-amplia-acesso-a-cannabis-medicinal/" target="_blank" rel="noopener">incorporação da Cannabis ao SUS</a>, e o Brasil que ocupamdo um papel de protagonismo em um mercado global em expansão.</p>
<p><em>“Estamos falando de saúde. E quando falamos de saúde pública com base em dados, precisamos lembrar que o Brasil tem um enorme potencial”</em>, afirmou Carla.</p>
<p>O painel também foi um espaço de análise crítica. Carla relembrou que o <a href="https://www.cannabisesaude.com.br/plano-de-acao-agu-producao-de-cannabis-brasil/" target="_blank" rel="noopener">plano de ação apresentado pelo governo federal no dia 19 de maio</a>, em resposta à determinação do Superior Tribunal de Justiça, representou um passo necessário — mas aquém do esperado.</p>
<p><em>“Foi um avanço tímido. Um café com leite regulatório. Temos dados, ciência e prática de mercado. O que falta são ferramentas jurídicas para transformar isso em acesso real.”</em></p>
<p>Ainda assim, ela vê nessa movimentação um ponto de partida. <em>“Mesmo modesto, o plano apresenta pistas importantes sobre como podemos construir uma cultura regulatória até 2030.” </em></p>
<h2>O presente pede passagem</h2>
<p>O CBCM 2025 contou com uma série de reflexões firmes, embasadas e carregadas de propósito. Ficou evidente que a Cannabis medicinal é uma realidade em expansão: movimenta mercados, mobiliza profissionais, <a href="https://www.cannabisesaude.com.br/a-humanizacao-impulsiona-o-uso-da-cannabis-medicinal-no-brasil/" target="_blank" rel="noopener">transforma práticas de cuidado</a> e desafia a construção de políticas públicas à altura do que já acontece na ponta.</p>
<p>Ao longo dos dias, uma mensagem se repetiu com diferentes vozes: o setor deixou de ser uma promessa para se tornar um campo em plena operação — inovando, investindo, formando e atendendo, mesmo em meio a lacunas regulatórias.</p>
<p>O Brasil tem diante de si uma oportunidade histórica. Mais do que correr atrás da realidade, é hora de caminhar junto com ela — com dados, diálogo e responsabilidade.</p>
