Cogumelos psicodélicos podem ajudar na luta contra o vício, sugere nova revisão de estudos

  • Redação
Atualizado: 15 julho, 2025 18:23
<p>No enfrentamento silencioso e diário contra a dependência de álcool, tabaco e outras substâncias, a ciência está abrindo caminhos cada vez mais ousados, e porque não, esperançosos. Uma nova revisão científica publicada no periódico <a target="_blank" rel="noopener noreferrer" href="https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0149763425001630">Neuroscience &amp; Biobehavioral Reviews</a> reforça o potencial da psilocibina, um composto psicodélico presente em cogumelos, como aliada na recuperação de pessoas com transtornos por uso de substâncias (TUS).</p><p><br>O estudo reuniu evidências de 16 pesquisas conduzidas ao redor do mundo, revelando que a chamada terapia assistida por psilocibina (PAP) tem produzido resultados promissores: reduções significativas no consumo de álcool, altas taxas de cessação do tabagismo e impactos positivos na saúde mental dos pacientes.</p><p><br>Segundo os autores, a maioria dos estudos analisados foi observacional ou de desenho aberto, o que reforça a necessidade de mais ensaios clínicos controlados e robustos. Ainda assim, os resultados já observados animam a comunidade científica.</p><p><br>Em participantes com transtorno por uso de álcool, a psilocibina associada à psicoterapia reduziu episódios de consumo excessivo e elevou os índices de abstinência. Exames de neuroimagem também apontaram uma possível normalização da atividade cerebral, algo que ajuda a compreender os efeitos mais profundos dessa abordagem.</p><p><br>No caso do tabagismo, os números também impressionam: altas taxas de cessação foram registradas, especialmente entre participantes que relataram experiências subjetivas intensas, muitas vezes descritas como “místicas”. Esses momentos, segundo os pesquisadores, parecem estar ligados à mudança de perspectiva sobre a vida, os hábitos e o próprio vício.</p><p><br>Apesar de os dados sobre outras substâncias, como opioides e metanfetamina, ainda serem considerados mistos, os indícios apontam para um caminho promissor. O estudo destaca que a psilocibina foi geralmente bem tolerada pelos participantes, e quando integrada à psicoterapia, mostrou impacto real na redução do uso de substâncias.</p><p><br>“Nosso objetivo foi oferecer uma compreensão mais clara e atualizada sobre o potencial terapêutico da psilocibina para diferentes tipos de transtornos por uso de substâncias”, explicam os autores, que representam instituições de prestígio como o Hospital St. Michael (Canadá), a Universidade de Nova York, o Imperial College London e as universidades da Austrália e Holanda.</p><p><br>Esse movimento científico vem acompanhado de investimentos. Somente nos Estados Unidos, os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) anunciaram, entre 2023 e 2024, mais de US$ 3,9 milhões em financiamentos para pesquisas com psicodélicos, voltadas ao tratamento da dependência química, um reflexo direto do aumento alarmante de mortes por overdose nos últimos anos.</p><p><br>Em janeiro deste ano, uma prévia publicada na revista The Lancet mostrou resultados positivos com o uso da psilocibina para tratar o transtorno por uso de metanfetamina. Participantes relataram queda no desejo pela droga e melhoras significativas em qualidade de vida, depressão, ansiedade e estresse.</p><p><br>Outro estudo de 2022, citado pelo Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa (NCCIH), vinculado ao NIH, apontou que a psilocibina pode ser útil na redução de episódios de consumo excessivo de álcool em pacientes acompanhados por 32 semanas.</p><p><br>Vale lembrar que, embora a psilocibina ainda seja classificada como substância controlada de Tabela I nos EUA, o que restringe seu uso legal, cresce o número de pesquisas que evidenciam seu potencial terapêutico, especialmente quando aliada à condução clínica adequada.</p><p><br>Além dos psicodélicos, estudos anteriores já sinalizavam o papel do canabidiol (CBD) no tratamento de dependência de substâncias como cocaína, anfetamina e opioides, ampliando o espectro de possibilidades terapêuticas dentro de uma abordagem mais integrativa e menos punitiva à saúde mental.</p><p><br>A ciência, mais uma vez, se mostra capaz de oferecer caminhos antes impensáveis. E para quem trava uma batalha diária contra a dependência, essas descobertas podem ser mais do que promissoras, podem ser transformadoras.<br>&nbsp;</p><p>Com informações de <a target="_blank" rel="noopener noreferrer" href="https://www.marijuanamoment.net/">Marijuana Moment.</a></p>
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