Derivados sintéticos da cannabis e opioides preocupam autoridades europeias
Redação
Atualizado: 12 julho, 2025 15:39
<p>Enquanto o debate sobre os usos terapêuticos da cannabis avança em várias partes do mundo, um novo sinal de alerta acende no continente europeu: o consumo de derivados sintéticos da planta, junto a opioides e catinonas, está em ascensão e acende preocupações importantes para a saúde pública. O aviso foi feito nesta quinta-feira (5) pela Agência da União Europeia sobre Drogas (EUDA), que aponta para a urgência de reforçar os sistemas de vigilância.</p><p><br>O relatório anual da agência revela um cenário inquietante: 7.500 mortes relacionadas ao uso de drogas em 2023, um aumento em relação às 7.100 registradas no ano anterior. Os opioides, quando combinados a outras substâncias, foram os principais responsáveis por esses óbitos.</p><p><br>A análise, que abrange 29 países, incluindo os 27 estados-membros da União Europeia, além de Noruega e Turquia, destaca que o uso simultâneo de diferentes drogas tem sido uma das grandes pedras no sapato para o tratamento dos usuários.<br>A complexidade dos compostos e dos padrões de consumo reflete uma mudança no perfil das drogas em circulação. “A proliferação de substâncias muito potentes e de modos de consumo mais complexos pesa sobre os sistemas de saúde e segurança”, afirmou Alexis Goosdeel, diretor executivo da EUDA, durante coletiva de imprensa.</p><h2><br>Jovens vulneráveis e aumento da violência ligada ao tráfico</h2><p><br>Outro dado que chama atenção é o crescente envolvimento de jovens em situações de risco relacionadas ao tráfico de drogas. Segundo o relatório, houve aumento na intimidação e violência ligada à cadeia de produção e comercialização dos entorpecentes. Goosdeel fez um apelo direto aos países europeus: é preciso agir. “É urgente reforçar os sistemas de monitoramento e alerta”, disse ele.</p><h2><br>Parcerias internacionais como parte da solução</h2><p><br>Na visão de Magnus Brunner, comissário europeu para assuntos migratórios, a cooperação internacional, especialmente com países da América Latina, será fundamental para conter essa nova onda. “O acesso a dados é essencial para dar às forças de segurança as ferramentas necessárias para combater os criminosos”, reforçou.<br>Desde 2009, pelo menos 88 novos opioides sintéticos chegaram ao mercado europeu. A maioria deles com alto potencial tóxico e risco elevado de overdose, mesmo em pequenas quantidades.</p><p><br>Outro fator que preocupa é a fabricação dentro do próprio continente. Substâncias como anfetaminas, MDMA e catinonas estão sendo produzidas cada vez mais perto dos centros urbanos, o que, segundo a EUDA, acelera o consumo e dificulta ações preventivas.</p><p><br>Em 2023, 53 laboratórios de produção de catinonas foram desmantelados, a maioria na Polônia. Apenas no último ano, 37 toneladas dessas substâncias foram apreendidas, um salto expressivo em relação às 27 toneladas de 2022 e às 4,5 de 2021.</p><p><br>Mesmo com a crescente atenção às drogas sintéticas, a cannabis ainda lidera o ranking das substâncias mais consumidas na Europa. Em 2024, cerca de 24 milhões de pessoas usaram algum tipo de derivado da planta. Mas nem tudo é o que parece.<br>A agência alerta que produtos vendidos como cannabis podem estar adulterados com canabinoides sintéticos de alta potência, o que representa um risco sério para os consumidores. Em um caso recente na Hungria, balas de goma com canabinoides semissintéticos deixaram cerca de 30 pessoas gravemente intoxicadas.</p><h2><br>Novas estratégias para um problema em mutação</h2><p><br>A dinâmica do mercado de drogas tem se mostrado ágil e adaptável. Avanços tecnológicos, instabilidade geopolítica e globalização estão moldando tanto os meios de produção quanto os de consumo.</p><p><br>Para enfrentar esses novos desafios, a EUDA anunciou a criação de um sistema europeu de alerta, uma rede de laboratórios forenses e toxicológicos e um sistema de avaliação de ameaças à saúde e segurança. São iniciativas ainda em fase de implementação, mas que sinalizam um passo importante na direção de políticas públicas mais robustas.</p>