Estudo brasileiro destaca benefícios do CBD no combate à epilepsia resistente
- Redação

Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros da Universidade Tiradentes (Unit) e da Universidade de São Paulo (USP) enfatiza o potencial do canabidiol (CBD) no tratamento da epilepsia refratária, um tipo de epilepsia que não responde aos medicamentos convencionais.
Os resultados foram promissores: pacientes submetidos a tratamentos com CBD apresentaram, em média, 41% menos crises. Isso representa mais que o dobro da redução observada no grupo placebo, que foi de 18%.
Publicado na revista científica Acta Epileptologica, o estudo foi conduzido como trabalho de conclusão de curso por Vinícius Gabino, recém-formado em Medicina. Em entrevista, ele compartilhou insights sobre os resultados e a experiência de ter seu estudo publicado em um periódico internacional.
Alívio também para os cuidadores
Desde os anos 1970, estudos sobre o uso de CBD para controlar crises epiléticas surgiram no Brasil, com a equipe do professor Elisaldo Carlini. Atualmente, medicamentos à base de canabidiol são empregados por pacientes em todo o mundo, especialmente em casos de epilepsia onde os tratamentos convencionais não surtem efeito, como nas síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut.
Vinícius escolheu investigar o uso do CBD no tratamento da epilepsia refratária visando melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares.
Uma nova abordagem na Medicina
O estudo The efficacy of cannabidiol for seizures reduction in pharmacoresistant epilepsy: a systematic review and meta-analysis é uma revisão sistemática com meta-análise. Nele, Vinícius e sua equipe analisaram seis ensaios clínicos com pacientes submetidos ao tratamento com CBD para epilepsia refratária.
Os testes compararam diferentes doses, sendo que a dose mais elevada (20 mg/kg/dia) demonstrou ser 12% mais eficaz do que a dose menor (10 mg/kg/dia) na redução das crises epiléticas. Mesmo em doses menores, os resultados foram positivos.
A pesquisa também contribui para a promoção da prevenção quaternária na área da saúde, buscando minimizar o uso excessivo de medicamentos para reduzir os efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
CBD: uma opção com menos efeitos colaterais
Apesar da eficácia e segurança do tratamento com CBD, a maioria dos profissionais de saúde recomenda seu uso apenas quando as demais opções falham. Vinícius destaca que a introdução precoce de canabinoides pode reduzir o sofrimento dos pacientes e de seus familiares.
Os efeitos colaterais observados no estudo foram leves e incluíram sonolência, alterações no apetite e diarreia, podendo ser controlados por ajustes na dose ou no horário da medicação, ressaltando a importância do acompanhamento médico.
CBD no SUS e o futuro do tratamento para epilepsia refratária
Nos últimos anos, vários estados e municípios brasileiros aprovaram leis para disponibilizar gratuitamente medicamentos à base de CBD pelo Sistema Único de Saúde (SUS), embora o acesso seja geralmente restrito a pacientes com formas graves da doença.
Os resultados do estudo fortalecem essas iniciativas, mas ainda é necessária uma regulamentação nacional.
Próximo passo: especialização e novas pesquisas
Vinícius planeja continuar seus estudos e vê com bons olhos a prescrição de canabinoides. Sua intenção é seguir na neurocirurgia, mas reconhece a estreita relação entre ambas as áreas.

Fonte: Cannabis e Saúde.
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