Estudo revela propriedades terapêuticas no caule da Cannabis além das flores

  • Redação
Atualizado: 29 maio, 2025 01:01
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Por muito tempo, os estudos sobre os usos terapêuticos da Cannabis focaram nas flores — parte rica em canabinoides como o canabidiol (CBD) e ∆9-tetrahidrocanabinol (THC). Agora, porém, cientistas começam a olhar com mais atenção para uma parte antes esquecida: o caule.
Um estudo recente mostrou que o caule da Cannabis tem potencial terapêutico, mesmo sem conter canabinoides. Produzindo extratos com álcool a partir do caule, os pesquisadores identificaram propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.
O estudo, publicado no Journal of Medicinal Food, mostra que o que antes era considerado apenas um resíduo, pode ser uma fonte de compostos naturais com efeitos terapêuticos.

O potencial terapêutico do caule da Cannabis

Nos testes em laboratório, o extrato do caule da Cannabis foi aplicado em células de defesa (macrófagos) e em animais. Os resultados mostraram redução da inflamação por diferentes mecanismos, como:
  • Redução da produção de substâncias inflamatórias, como óxido nítrico e algumas citocinas.
  • Bloqueio da atividade de proteínas inflamatórias dentro das células.
  • Diminuição do estresse oxidativo.
  • Proteção de órgãos importantes, como fígado, rins e baço, contra danos inflamatórios.
Com forte ação anti-inflamatória e proteção dos órgãos do corpo, o extrato do caule da Cannabis pode, futuramente, ser usado no tratatamento ou alívio de sintomas de diversas condições de saúde.
Vale destacar que esta é uma análise inicial. Mais pesquisas — especialmente em humanos — ainda são necessárias para comprovar a eficácia e a segurança do extrato do caule da Cannabis.
Esta seria uma nova aplicação dessa parte da planta, uma vez que o caule do cânhamo — variedade de Cannabis cultivada com fins industriais — já é utilizado na fabricação de diversos materiais, como tecido, bioplástico, concreto e etc.

A planta toda merece atenção

Aproveitar melhor todas as partes da planta pode ser um caminho para uma medicina mais completa e sustentável. Assim como o coco, usado quase por completo — da água à casca —, a Cannabis também tem potencial para ser uma planta de aproveitamento integral. Veja como outras partes da planta já vêm sendo utilizadas:

Flores: principais fontes de canabinoides

As flores são a principal fonte de canabinoides e terpenos na planta. Os compostos com efeitos terapêuticos, como o CBD e THC, são extraídos das flores para serem usados como matéria-prima dos medicamentos à base de Cannabis.

Sementes: ricas em nutrientes e com propriedades terapêuticas

As sementes da Cannabis são ricas em proteínas, fibras, minerais e ácidos graxos essenciais que proporcionam um alimento nutritivo. Com elas é possível fazer uma variedade de produtos alimentícios para humanos, como farinha, leite vegetal e óleo para cozinhar.

Folhas: fibras, antioxidantes e potencial agrícola

As folhas de Cannabis são inconfundíveis e se tornaram um símbolo da cultura canábica, além de identificar produtos derivados da planta. Elas podem ser incorporadas cruas a sucos e saladas, sendo uma fonte de fibras e antioxidantes.

Raízes: compostos com histórico medicinal

As raízes da planta têm uma longa história de uso na medicina tradicional chinesa para aliviar dores. Estudo recente mapeou cerca de 30 compostos nas raízes da Cannabis, incluindo pequenas concentrações de canabinoides e ácidos graxos.

Como utilizar medicamentos à base de Cannabis

O avanço das pesquisas demonstra como a Cannabis é mais do que só as flores e canabinoides. Cada parte da planta tem seu valor e pode contribuir para o desenvolvimento de tratamentos mais completos e eficientes. Explorar essas possibilidades também torna o uso da planta mais sustentável, evitando desperdícios e ampliando seus benefícios.
A regulamentação em vigor no Brasil permite o uso de medicamentos à base de Cannabis, geralmente feitos a partir das substâncias extraídas das flores, os canabinoides. Para usar esses medicamentos para tratamentos de saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige uma prescrição feita por médico habilitado.
Fonte: Cannabis e Saúde.
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