Guerra às drogas: Quanto custa proibir a maconha? 

  • Redação
Atualizado: 13 junho, 2025 12:18
<p>A guerra às drogas nunca saiu barata. Criada sob o pretexto de conter o tráfico e proteger a sociedade, essa política pública tem sido questionada cada vez mais por seu custo bilionário, ineficiência na redução do consumo e, sobretudo, por seu impacto social desproporcional. A <a href="https://kayamind.com/macho-ou-femea-maconha/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">maconha</a> é a substância ilícita mais consumida no país e, paradoxalmente, uma das que mais gera prisões por tráfico — muitas vezes com base em quantidades pequenas e sem comprovação de comércio.&nbsp;</p> <p>Enquanto diversos países caminham para regulamentações mais flexíveis e eficazes, o Brasil segue gastando recursos públicos, lotando presídios e sufocando possibilidades econômicas em nome de um modelo que já se mostrou falho. Neste artigo, a gente investiga os impactos reais — financeiros, sociais e legais — dessa <a href="https://kayamind.com/3-livros-sobre-proibicionismo/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">proibição</a>, trazendo dados atualizados, reflexões críticas e caminhos possíveis para uma política mais justa e inteligente. </p> <div style="height:30px" aria-hidden="true" class="wp-block-spacer"></div> <h2 class="wp-block-heading">Quanto custa a guerra às drogas no Brasil?&nbsp;</h2> <p>A política de guerra às drogas no Brasil tem sido amplamente questionada por especialistas, instituições e movimentos sociais. Implantada como resposta à expansão do tráfico e ao aumento do consumo de substâncias psicoativas, essa estratégia se mantém há décadas como eixo central da política criminal e de segurança pública no país.&nbsp;&nbsp;</p> <figure class="wp-block-image alignright size-full is-resized"><img fetchpriority="high" decoding="async" width="600" height="450" src="http://kayamind-minio.aqrour.easypanel.host/wordpress/2021/06/Guerra-as-drogas.png" alt="Guerra às drogas" class="wp-image-24484" style="width:400px"/></figure> <p>No entanto, os dados mais recentes mostram que seus impactos vão muito além da criminalização de condutas individuais. A proibição da maconha, em especial, tem se mostrado uma política cara, ineficaz e socialmente desigual.&nbsp;</p> <p>De acordo com o <a href="https://kayamind.com/anuario-de-mercado-growshops-headshops-e-marcas-2024/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">Anuário de Growshops, Headshops e Marcas 2024</a>, o Brasil possui cerca de <strong>850 mil pessoas presas </strong>sob regimes fechado ou aberto. Dentre elas, aproximadamente 25% cumprem pena por crimes relacionados ao tráfico de substâncias ilegais. O tráfico é hoje um dos principais vetores de encarceramento no país, sendo responsável por:&nbsp;</p> <ul class="wp-block-list"> <li>mais de 1/4 das condenações entre os homens; </li> <li>mais de 1/3 entre as mulheres. </li> </ul> <div style="height:30px" aria-hidden="true" class="wp-block-spacer"></div> <p>O custo direto dessa política é expressivo. Apenas em 2023, os gastos públicos com pessoas condenadas por tráfico de drogas somaram mais de <strong>R$ 6,1 bilhões</strong>. Isso inclui despesas com alimentação, segurança, infraestrutura carcerária e outros serviços necessários à manutenção do sistema prisional.&nbsp;</p> <p>Mas esse número é apenas a ponta do iceberg. Os custos indiretos da guerra às drogas incluem:&nbsp;</p> <ul class="wp-block-list"> <li>Operações das forças de segurança pública; </li> <li>Processos no Judiciário e atuação do Ministério Público; </li> <li>Gasto com defensoria pública; </li> <li>Oportunidades econômicas perdidas com a ausência de um mercado legal regulado. </li> </ul> <div style="height:30px" aria-hidden="true" class="wp-block-spacer"></div> <p>Além disso, o proibicionismo afasta pessoas da sociedade produtiva, interrompe vínculos familiares e agrava desigualdades sociais. </p> <div style="height:30px" aria-hidden="true" class="wp-block-spacer"></div> <h3 class="wp-block-heading">Como a guerra às drogas impacta o mercado?&nbsp;</h3> <p>O proibicionismo também afeta diretamente o funcionamento de mercados legais e a <a href="https://kayamind.com/impactos-economicos-da-cannabis-no-mercado/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">criação de novos setores econômicos</a>. No caso específico da maconha, a ilegalidade restringe o desenvolvimento de uma cadeia produtiva que poderia envolver desde o <a href="https://kayamind.com/auto-cultivo-cannabis/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">cultivo</a> até a venda de <a href="https://kayamind.com/produtos-de-cannabis-medicinal-no-brasil/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">produtos derivados</a>, passando por <a href="https://kayamind.com/tecnologia-de-roupas-de-canhamo/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">indústrias de tecnologia</a>, <a href="https://kayamind.com/cosmeticos-a-base-de-cannabis/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">cosméticos</a>, <a href="https://kayamind.com/proteina-do-canhamo-suplemento-alimentar/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">alimentos</a>, <a href="https://kayamind.com/a-tendencia-dos-tecidos-sustentaveis-e-naturais/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">vestuário</a> e <a href="https://kayamind.com/bem-estar" target="_blank" rel="noreferrer noopener">bem-estar</a>.&nbsp;</p> <p>Mesmo em um cenário adverso, o mercado periférico de produtos relacionados ao uso adulto da maconha tem crescido de forma significativa. O Anuário de GHM identificou mais de <strong>640 pontos de venda especializados ativos no Brasil</strong>, entre <a href="https://kayamind.com/headshop-o-que-e/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">headshops</a> e <a href="https://kayamind.com/futuro-das-growshops-no-brasil/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">growshops</a>. Isso demonstra que, apesar das barreiras legais e da insegurança jurídica, existe demanda, circulação de capital e um ecossistema em expansão voltado para esse público.&nbsp;</p> <p>O que se vê é um mercado real, operante, e com potencial de crescimento, mas limitado por barreiras legais e por um estigma histórico. A consequência disso é:&nbsp;</p> <ul class="wp-block-list"> <li>Menor formalização de empresas </li> <li>Redução de investimentos </li> <li>Ausência de segurança jurídica para empreendedores </li> <li>Falta de políticas públicas voltadas ao consumo seguro e consciente </li> </ul> <div style="height:30px" aria-hidden="true" class="wp-block-spacer"></div> <p>Mesmo com a expansão do mercado global, o Brasil segue à margem do desenvolvimento canábico, insistindo numa política de repressão.&nbsp;</p> <h3 class="wp-block-heading">O que mostra o relatório “Efeito Bumerangue”?&nbsp;</h3> <p>Em 2021, o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) <a href="https://drive.google.com/file/d/1F2fFyLvr4uMaF5Gtyi-ckUc0OAnad0XP/view" target="_blank" rel="noreferrer noopener">lançou o relatório “Efeito Bumerangue: o custo da proibição das drogas”</a>, um dos documentos mais relevantes sobre os impactos econômicos, sociais e institucionais da política de guerra às drogas no Brasil. O relatório oferece uma análise profunda sobre o quanto o país investe para manter a proibição e quais seriam os caminhos alternativos possíveis.&nbsp;</p> <p>De acordo com o estudo,<strong> o Brasil gastou, somente em 2017, cerca de R$ 5,2 bilhões com a criminalização das drogas</strong>, valor que inclui despesas com encarceramento, policiamento, sistema judiciário e Ministério Público. Um dos pontos mais críticos abordados pelo CESeC é que esse montante não se traduz em redução significativa no consumo de substâncias. Pelo contrário: a repressão tem alimentado a violência, ampliado o encarceramento em massa e contribuído para a estigmatização de populações vulnerabilizadas, especialmente jovens negros e periféricos.&nbsp;</p> <p>Entre os principais dados e reflexões apresentados no relatório:&nbsp;</p> <ul class="wp-block-list"> <li>25% das prisões no Brasil estão relacionadas ao tráfico de drogas, sendo a maioria por quantidades pequenas; </li> <li>A guerra às drogas representa mais de 10% dos gastos com segurança pública em alguns estados brasileiros; </li> <li>A falta de critérios objetivos para diferenciar usuário de traficante perpetua injustiças e desigualdades; </li> <li>O aumento do encarceramento feminino está diretamente relacionado às leis antidrogas, especialmente entre mulheres negras. </li> </ul> <div style="height:30px" aria-hidden="true" class="wp-block-spacer"></div> <p>O relatório também destaca que a criminalização da maconha responde por boa parte das detenções por tráfico no país, embora seja a substância ilícita mais amplamente consumida. Segundo os autores, legalizar e regular o uso da maconha poderia gerar arrecadação de impostos, abrir espaço para novos empregos formais e reduzir significativamente os custos do sistema penal, além de preservar vidas e reduzir a violência associada ao comércio clandestino.&nbsp;</p> <p>Para quem defende uma abordagem baseada em saúde pública, direitos humanos e dados concretos, o relatório é leitura indispensável e serve como base para discutir um futuro mais inteligente e justo para a política de drogas no Brasil.&nbsp;</p> <p>Além deste relatório, outro documento importante é o &#8220;<a href="https://cesecseguranca.com.br/textodownload/um-tiro-no-pe-impactos-da-proibicao-das-drogas-no-orcamento-do-sistema-de-justica-criminal-do-rio-de-janeiro-e-sao-paulo/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">Tiro no Pé: impactos da proibição das drogas no orçamento do Sistema de Justiça Criminal do Rio de Janeiro e São Paulo</a>&#8220;, lançado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) em março de 2021, os estados de SP e RJ gastaram R$ 5,2 bilhões em um ano com ações voltadas ao combate às substâncias ilícitas.&nbsp;&nbsp;&nbsp;</p> <p>O mesmo documento fez uma comparação entre esse número e valores de implementação e manutenção de políticas públicas. Com R$ 5,2 bilhões seria possível, por exemplo, manter mais de 1 milhão de alunos no ensino médio da rede pública por um ano, garantir o auxílio emergencial de R$ 600 para 728 mil famílias, comprar 108 milhões de doses de vacinas CoronaVac e Astrazeneca, entre outras realizações. Imagina, então, quantos benefícios a população brasileira teria se fossem contados os gastos de todos os estados do país com a guerra às drogas?  </p> <div style="height:30px" aria-hidden="true" class="wp-block-spacer"></div> <h2 class="wp-block-heading">Leis que envolvem o proibicionismo da maconha&nbsp;</h2> <figure class="wp-block-image alignleft size-full is-resized"><img decoding="async" width="600" height="450" src="http://kayamind-minio.aqrour.easypanel.host/wordpress/2021/06/leis.png" alt="Leis sobre maconha" class="wp-image-24485" style="width:400px"/></figure> <p>A legislação brasileira sobre drogas tem sido marcada por ambiguidades que ampliam o poder discricionário de agentes públicos e geram insegurança jurídica para usuários e pequenos comerciantes. A <a href="https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm" target="_blank" rel="noreferrer noopener">Lei nº 11.343/2006</a>, conhecida como Lei de Drogas, é o principal marco regulatório da política atual. Apesar de ter <a href="https://kayamind.com/descriminalizacao-da-maconha-no-brasil/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">descriminalizado o porte para consumo pessoal</a>, a lei não estabelece critérios objetivos para diferenciar usuários de traficantes.&nbsp;</p> <p>Na prática, isso significa que a quantidade de substância apreendida, a forma de armazenamento ou mesmo a cor da pele do suspeito podem influenciar na decisão de enquadramento como traficante — o que leva a uma seletividade penal alarmante. Pessoas negras, jovens e de baixa renda são as mais afetadas.&nbsp;</p> <p>Esse quadro gera distorções sérias. Um adolescente com alguns gramas de maconha pode ser condenado como traficante e ter sua vida marcada pelo sistema penal, enquanto grandes organizações criminosas continuam atuando com relativa impunidade. Em vez de atingir o coração do tráfico, o proibicionismo tem penalizado os elos mais frágeis da cadeia.&nbsp;</p> <p>A indefinição legal permite interpretações subjetivas, o que compromete o direito à defesa e aumenta os casos de injustiça. Além disso, o Brasil segue sem regulamentar o uso adulto da maconha, mesmo com:&nbsp;</p> <ul class="wp-block-list"> <li>Propostas em tramitação no Congresso </li> <li>Discussões no STF sobre a descriminalização </li> <li>Modelos bem-sucedidos em países como Alemanha, Canadá e Uruguai </li> </ul> <div style="height:30px" aria-hidden="true" class="wp-block-spacer"></div> <h2 class="wp-block-heading">O que o Brasil perde ao proibir a maconha?&nbsp;</h2> <p>Enquanto países como <a href="https://kayamind.com/legalizacao-da-cannabis-na-alemanha-2/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">Alemanha</a>, <a href="https://kayamind.com/cannabis-no-canada/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">Canadá</a>, <a href="https://kayamind.com/legalizacao-da-cannabis-no-uruguai/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">Uruguai</a> e diversos <a href="https://kayamind.com/cannabis-nos-estados-unidos/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">estados norte-americanos</a> avançam em políticas de regulação e colhem resultados positivos — com aumento da arrecadação, geração de empregos e redução de prisões por uso — o Brasil segue insistindo em uma estratégia que já demonstrou seus limites.&nbsp;</p> <p>Além dos custos orçamentários diretos, o país deixa de arrecadar tributos que poderiam ser revertidos em saúde, educação e segurança. Também perde oportunidades de investir em pesquisa e desenvolvimento, numa planta com enorme potencial terapêutico, <a href="https://kayamind.com/1001-usos-do-canhamo/" target="_blank" rel="noreferrer noopener">industrial e comercial.</a>&nbsp;</p> <p>A criminalização da maconha aprofunda desigualdades e amplia a violência. Impede o desenvolvimento de mercados promissores, encarcera desproporcionalmente populações vulneráveis e impede a formulação de políticas públicas baseadas em dados.&nbsp;</p> <p>Diante desse cenário, é necessário refletir com seriedade: quanto custa continuar proibindo a maconha no Brasil? E mais importante: a quem realmente interessa essa guerra? </p> <div style="height:30px" aria-hidden="true" class="wp-block-spacer"></div> <p>Quer entender melhor o tamanho desse mercado e os desafios enfrentados por quem atua nele? Baixe gratuitamente o <a href="https://kayamind.com/anuario-de-mercado-growshops-headshops-e-marcas-2024/" target="_blank" rel="noreferrer noopener"><em>Anuário de Growshops, Headshops e Marcas 2024</em> da Kaya</a> Mind e tenha acesso a dados inéditos sobre pontos de venda, marcas, comportamento do consumidor e muito mais.&nbsp;</p> <p>O post <a href="https://kayamind.com/quanto-gasta-com-guerra-as-drogas-brasil/">Guerra às drogas: Quanto custa proibir a maconha? </a> apareceu primeiro em <a href="https://kayamind.com">Kaya Mind - Informações sobre o mercado da cannabis</a>.</p>
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