Papa Francisco deixa legado de empatia, mas silencia sobre cannabis medicinal
- Redação

Morreu nesta segunda-feira (21) o Papa Francisco, líder da Igreja Católica e primeiro pontífice latino-americano da história. Aos 88 anos, o argentino Jorge Mario Bergoglio deixa um legado marcado pela simplicidade, empatia com os marginalizados e por sua visão de uma Igreja voltada às periferias.
Sua morte encerra um papado que, por mais de uma década, buscou romper com os muros do julgamento para erguer pontes de diálogo. Ainda assim, seu posicionamento sobre drogas, em especial a cannabis, permaneceu distante de uma perspectiva transformadora.
Em diferentes momentos de seu pontificado, Francisco foi contundente ao se posicionar contra a legalização de qualquer substância psicoativa. Durante audiência pública na Praça de São Pedro, em ocasião do Dia Internacional contra o Tráfico de Drogas, o Papa declarou: “a dependência de drogas não será reduzida pela legalização do uso de drogas, como foi proposto, ou já foi implementado, em alguns países. Isto é uma fantasia”.
Para o pontífice, o combate às drogas deveria estar alinhado ao fim de sua produção e circulação, o que ele denominou de “tráfico da morte”. O Papa foi além: classificou os traficantes como “assassinos” e criticou duramente o impacto socioambiental do narcotráfico, principalmente sobre a Bacia Amazônica, região onde a presença da Igreja Católica é histórica, mas onde o Estado e políticas públicas ainda são ausentes.
Apesar de sua postura inflexível frente à legalização, Francisco também usava sua voz para defender o cuidado e a escuta daqueles que sofrem com a dependência química. Falava da necessidade de “escutar o grito de solidão e angústia” e de não criminalizar a dor, mas acolhê-la pastoralmente. No entanto, essa empatia não se refletiu em uma abertura institucional ao debate sobre alternativas terapêuticas, inclusive com a cannabis medicinal.
Mesmo com o avanço de pesquisas, regulações internacionais e relatos de pacientes que melhoraram sua qualidade de vida com o uso medicinal da planta, o Papa e a cúpula vaticana mantiveram-se em silêncio sobre seu potencial.
Francisco rompeu com padrões, defendeu o meio ambiente, acolheu LGBTQIAPN+ com frases marcantes como “Quem sou eu para julgar?” e enfrentou a crise de abusos na Igreja com coragem.
Contudo, ao tratar do tema drogas, mesmo sob a perspectiva da ciência e da saúde pública, manteve-se fiel a uma lógica proibicionista, distante das novas abordagens que veem o uso de substâncias não apenas como questão moral, mas de direitos e cuidado.Seu legado será lembrado por abrir portas antes fechadas na Igreja.
Fonte: Sechat.
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