Pode usar cannabis e ser pai? Veja o que a ciência diz

  • Redação
Atualizado: 31 maio, 2025 13:14
<p>Durante anos, quem consome cannabis, especialmente os homens, convive com uma nuvem de dúvida sobre os efeitos da planta na fertilidade. Um dia, ela é aclamada como afrodisíaca, intensificadora de orgasmos e aliada da libido. No outro, é apontada como vilã da fertilidade masculina, relacionada à queda na contagem de espermatozoides, disfunções hormonais e até disfunção erétil. Afinal, quem está com a razão?</p><p><br>A resposta é simples e, ao mesmo tempo, complexa: a ciência está em construção.</p><p><br>E foi justamente essa ciência, com sua natureza evolutiva, que trouxe um novo olhar sobre o tema. Um <a target="_blank" rel="noopener noreferrer" href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/40326424/#:~:text=Results%3A%20Overall%2C%2022.6%25%20of,TMSC%20(%E2%89%A416%20million).">estudo</a> recém-publicado pela Andrology, desenvolvido pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, analisou a qualidade do sêmen de quase mil homens em idade fértil, todos tentando engravidar com suas parceiras, e concluiu algo que contraria teorias anteriores: o uso atual de cannabis não está significativamente associado à qualidade do sêmen.</p><h2><br>Ciência que acolhe, não que assusta</h2><p><br>Os pesquisadores avaliaram mais de 1.600 amostras de sêmen e cruzaram os dados com o uso de cannabis dos participantes. Cerca de 23% deles relataram usar a planta com frequência e 3% diariamente. Ainda assim, os principais indicadores de fertilidade, como concentração de espermatozoides, motilidade e contagem total, não apresentaram diferenças relevantes entre usuários e não usuários.</p><p><br>Esse resultado vem na contramão de estudos anteriores, como os de 2015, 2020 e 2021, que chegaram a associar o consumo frequente da planta a alterações na produção hormonal e à redução da qualidade seminal. A diferença? Desta vez, a pesquisa foi mais criteriosa, controlando uma série de variáveis como o IMC, o uso de tabaco e até a frequência ejaculatória que, sozinhas, também influenciam a fertilidade.</p><p><br>Além disso, o estudo foi feito com casais reais, que estão de fato tentando conceber, e com uso de kits de coleta de sêmen validados cientificamente, o que confere um grau de confiabilidade importante aos dados.</p><p><br>Não é uma resposta definitiva. Mas é um respiro.</p><p><br>Não se trata de ignorar os estudos anteriores, muito menos de romantizar o uso da cannabis. O que este novo dado nos oferece é a possibilidade de continuar investigando com menos medo e mais nuance. Afinal, a planta interage com o sistema endocanabinoide que também atua nos testículos e no eixo hormonal, então, sim, há razão para manter o radar ligado. Mas isso não precisa vir acompanhado de pânico moral ou conclusões apressadas.</p><p><br>O uso adulto e medicinal da cannabis está cada vez mais presente na vida das pessoas. E com ele, crescem também as perguntas. Será que posso usar e ainda ser pai? Será que estou comprometendo meu futuro reprodutivo? Será que preciso escolher entre prazer e responsabilidade?</p><p><br>A boa notícia é que a ciência está fazendo seu trabalho. Questionando, testando, contradizendo a si mesma. E isso é ótimo. Porque quando falamos em saúde reprodutiva, não estamos apenas falando de números no microscópio, mas de sonhos de paternidade, de vínculos afetivos, de corpos que querem viver com qualidade e autonomia.<br>&nbsp;</p>
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