Redução de danos: Como diminuir o consumo de cannabis?

Redução de danos Como diminuir o uso de maconha

O consumo de maconha é bastante comum em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde estima-se que milhões de pessoas fazem uso diário da erva. Alguns buscam relaxamento, outros concentração e há aqueles que simplesmente fumam para experimentar sensações. 

Entretanto, o uso de cannabis pode se tornar problemático. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o potencial de dependência da maconha é considerado leve a moderado, havendo preocupações quanto ao vício. 

Especialmente em casos de predisposição a transtornos mentais, o uso prolongado da maconha pode aumentar os riscos de ansiedade, depressão, psicose e esquizofrenia em indivíduos vulneráveis.

A conhecida Bad Trip, por exemplo, consiste em sensações negativas que provocam medo, ansiedade, paranoia, desespero e até alucinações. Assim, o consumo consciente se mostra importante para estabelecer uma relação saudável com a maconha.

Segundo a médica Isabella Zarur, é crucial compreender as razões que levam o paciente a usar maconha. Essa compreensão será fundamental para orientar um tratamento adequado.

Enquanto alguns buscam alívio psicológico, outros recorrem à erva para dormir, lidar com cansaço ou relaxar com amigos. No entanto, quando o uso se torna uma necessidade diária que gera ansiedade e interfere na rotina, é um sinal de alerta. 

"Em casos de pacientes psiquiátricos, a situação é ainda mais complexa. Às vezes, o paciente encontra conforto, portanto, é essencial não apenas a redução de danos, mas talvez também a medicação", acrescenta a médica.

Quando o indivíduo percebe um uso abusivo de maconha, é fundamental considerar aredução de danos. Nesse contexto, o foco não é apenas a abstinência, mas sim uma relação mais saudável com a substância. 

Mas afinal, o que é redução de danos? Trata-se de estratégias que auxiliam na transição gradual de um uso abusivo de substâncias, mitigando riscos e consequências negativas associadas ao consumo.

Não existe uma fórmula única. Pode haver recursos gratuitos para redução de danos, porém o melhor caminho é buscar orientação médica.

O tratamento deve ser personalizado para cada paciente, envolvendo múltiplos fatores. A Dra. Zarur destaca a importância de sessões de psicoterapia, atividade física e motivação. 

Uma das primeiras estratégias de redução de danos na utilização de maconha é modificar a forma de consumo. A queima do cigarro, seja de nicotina ou maconha, é prejudicial à saúde. Assim, optar por óleos ou gummies de cannabis pode ser uma alternativa interessante. 

Embora o efeito demore mais para ser sentido, a médica orienta seus pacientes sobre a durabilidade da sensação. 

"Se a pessoa prefere a via inalatória, é importante usar um vaporizador e ajustar a quantidade", destaca a médica. "Também é essencial considerar a procedência do produto. Está utilizando um produto prensado? Conhece a origem? Todos esses aspectos precisam ser reconsiderados. É fundamental compreender o contexto individual de cada um". 

Embora essas mudanças tornem o uso de cannabis mais caro a curto prazo, representam um investimento na saúde a longo prazo. 

Outra orientação da médica para a redução de danos relacionada à maconha é evitar a combinação do consumo da erva com outras substâncias, como cigarro e álcool. Essa prática pode agravar o vício e intensificar os efeitos colaterais. 

Atividades indiretas também podem ser cruciais para amenizar os efeitos negativos do vício em maconha, como a prática de exercícios físicos. "É essencial estimular nosso corpo de maneira natural", ressalta.

Em situações de Bad Trip, é fundamental que o paciente reconheça que os sentimentos de paranoia e desconforto não são reais, que as sensações não são reais. Assim, é necessário estimular outros sentidos do corpo.

"Existem formas de lidar com a bad trip, como consumir limão ou pimenta, tomar banhos quentes seguidos de mornos, buscar um ambiente seguro. Envolve estimular diversos sentidos", aconselha a médica.

Por outro lado, a cannabis em si pode atuar como um importante aliado na redução de danos, especialmente o CBD (canabidiol). Indiretamente, a substância possui efeitos ansiolíticos que auxiliam na redução dos impulsos do paciente. 

"Variedades com maior teor de CBD do que de THC, em formatos orais ou sublinguais, são muito úteis no controle da ansiedade e no sistema de recompensa", explica. 

Fonte: Cannalize.