Resíduos da cannabis: oportunidade sustentável ou limbo jurídico?

  • Redação
Atualizado: 31 maio, 2025 13:14
<p>Em um momento crucial para o futuro da cannabis no Brasil, com a <a target="_blank" rel="noopener noreferrer" href="https://sechat.com.br/noticia/ministerio-da-agricultura-confirma-regulamentacao-do-cultivo-de-canhamo-ate-19-de-maio">iminente regulamentação do cultivo de cânhamo</a>, uma discussão estratégica começa a ganhar força: o reaproveitamento dos resíduos da planta, gerados após a extração dos fitocanabinoides — os chamados bagaços ou tortas da planta.</p><p>Esses subprodutos, frequentemente descartados, possuem um potencial significativo tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico. No entanto, enfrentam um grande obstáculo, a ausência de regulamentação.</p><p>&nbsp;</p><h2>“Estamos em um limbo jurídico”, alerta especialista</h2><p>&nbsp;</p><figure class="image image-style-side"><img alt="Felipe.jpg" src="https://sechat-images.s3.amazonaws.com/Felipe_79350decac.jpg" srcset="https://sechat-images.s3.amazonaws.com/thumbnail_Felipe_79350decac.jpg 93w, https://sechat-images.s3.amazonaws.com/small_Felipe_79350decac.jpg 299w, https://sechat-images.s3.amazonaws.com/medium_Felipe_79350decac.jpg 449w, https://sechat-images.s3.amazonaws.com/large_Felipe_79350decac.jpg 598w" sizes="100vw" width="598"><figcaption>Felipe Farias, palestrante do CBCM 2025. Imagem: Arquivo pessoal</figcaption></figure><p>“Esses resíduos ainda se encontram em uma espécie de ‘limbo jurídico’”, afirma Felipe Farias, presidente da Associação Reconstruir Cannabis Medicinal (ARCM), CEO da Liamba Comitiva P&amp;D e fundador do Festival Delta9. Felipe será um dos palestrantes do módulo Agro e Tech Cannabis durante o <a target="_blank" rel="noopener noreferrer" href="https://congressocannabis.com.br/">4º Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal</a>, que acontece entre os dias 22 e 24 de maio de 2025, no Expo Center Norte, em São Paulo.</p><p>Segundo ele, a atual Lei de Drogas (11.343/2006) não diferencia com clareza os resíduos pós-extração — que já perderam seu potencial psicoativo — dos materiais com altos teores de canabinoides. “Isso significa que tortas ou bagaços da cannabis são tratados com a mesma rigidez legal que a planta in natura”, explica.</p><p>Essa lacuna na legislação acaba desestimulando o uso desses subprodutos, mesmo quando poderiam ser aplicados em alimentação animal, cosméticos, compostagem ou até na construção civil.</p><p>&nbsp;</p><h2>O congresso e o futuro da regulamentação</h2><p>&nbsp;</p><p>O tema será amplamente debatido no Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal, que se consolida como o maior evento da América Latina sobre o assunto. São esperados mais de 100 palestrantes nacionais e internacionais e cerca de 1.200 participantes, incluindo profissionais da saúde, pesquisadores, empresários e representantes do poder público.</p><p>O <a target="_blank" rel="noopener noreferrer" href="https://congressocannabis.com.br/tema/agro-e-tech-cannabis/">Módulo Agro e Tech Cannabis</a>, uma parceria entre a Sechat e a Embrapa, traz uma visão prática e estratégica sobre o cultivo da cannabis medicinal e do cânhamo industrial no Brasil. Com programação durante todo o segundo dia de evento (23), especialistas apresentaram tecnologias, modelos produtivos, desafios regulatórios e o enorme potencial agroindustrial da cannabis no país.</p><p>&nbsp;</p><p><a target="_blank" rel="noopener noreferrer" href="https://euvou.events/medicalcannabisfair2025?utm_source=portalsechat&amp;utm_medium=organico&amp;utm_campaign=noticia">Garanta seu ingresso aqui. Não perca esta oportunidade</a></p><p>&nbsp;</p><h2>O cânhamo e a nova economia verde</h2><p>&nbsp;</p><figure class="image image_resized image-style-align-left" style="width:51.42%;"><img alt="Felipe e cannabis.jpg" src="https://sechat-images.s3.amazonaws.com/Felipe_e_cannabis_8438fa08da.jpg" srcset="https://sechat-images.s3.amazonaws.com/thumbnail_Felipe_e_cannabis_8438fa08da.jpg 117w, https://sechat-images.s3.amazonaws.com/small_Felipe_e_cannabis_8438fa08da.jpg 375w, https://sechat-images.s3.amazonaws.com/medium_Felipe_e_cannabis_8438fa08da.jpg 563w, https://sechat-images.s3.amazonaws.com/large_Felipe_e_cannabis_8438fa08da.jpg 750w" sizes="100vw" width="750"><figcaption>Felipe Farias junto a uma planta de cannabis</figcaption></figure><p>Com a possível regulamentação do cultivo de cânhamo no Brasil, o aproveitamento integral da planta ganha novas perspectivas. Felipe Farias defende que o cânhamo pode ser uma ferramenta estratégica para a agricultura familiar e assentamentos rurais.</p><p>“É uma cultura de baixo impacto ambiental, com ciclo curto e que pode ser cultivada em diversos biomas, especialmente no semiárido, uma região ainda subutilizada”, afirma.</p><p>Ele sugere que instituições como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Agricultura, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) atuem de forma coordenada para liberar o uso dos resíduos em setores como cosméticos, fibras têxteis, ração animal e regeneração de solo.</p><p>“Já temos iniciativas concretas, como a da própria ARCM e da Liamba Comitiva, que desenvolvem projetos em parceria com pesquisadores”, exemplifica.</p><p>&nbsp;</p><h2>Inovação no campo com maquinário</h2><p>&nbsp;</p><p>Felipe também destaca o avanço tecnológico na cadeia produtiva da cannabis. Um exemplo é a HERACAN, maquinário nacional desenvolvido em parceria com a Aço Brasil, que agiliza o desbaste e o processamento das fibras da planta.</p><p>“Esse tipo de equipamento facilita o dia a dia no campo, reduz o tempo de trabalho e aumenta a segurança do trabalhador rural”, explica. Ele ressalta que tais inovações geram demanda por uma regulamentação mais ágil e atualizada. “O que falta, muitas vezes, é o Estado acompanhar o ritmo da sociedade civil”, observa.</p><p>&nbsp;</p><h2>Sustentabilidade: mais valor por hectare</h2><p>&nbsp;</p><p>Felipe acredita que o aproveitamento integral da cannabis pode transformar a lógica econômica e ambiental do país. “Significa gerar mais valor por hectare, aumentar a renda por colheita e reduzir o impacto ambiental. Isso é fundamental para os pequenos produtores, tradicionalmente marginalizados.”</p><p>Um exemplo citado é um projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),que transforma resíduos da cannabis em tijolos sustentáveis — alternativa de moradia de baixo custo para zonas rurais.</p><p>"A regulamentação inteligente e baseada em evidências é o caminho para destravar todo o potencial econômico e social da cannabis no Brasil.", diz Daniel Jordão, diretor da Sechat.</p><p>&nbsp;</p><h2>Congresso como espaço de diálogo e soluções</h2><p>&nbsp;</p><p>Para Felipe, eventos como o Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal são essenciais. “Eles conectam todos os elos da cadeia produtiva — da base ao topo, incluindo instituições reguladoras. É onde conseguimos usar dados, ciência e a experiência das associações para propor caminhos concretos”, afirma.</p><p>Ele defende que a discussão sobre o uso dos resíduos da cannabis seja feita de forma ampla, participativa e baseada em evidências. “O Brasil tem potencial real para se tornar um dos maiores produtores e exportadores de cannabis e cânhamo do mundo. Mas, para isso, precisamos de regulamentação justa, clara e inclusiva.”</p><p>Durante o congresso, os visitantes também poderão participar da <a target="_blank" rel="noopener noreferrer" href="https://medicalcannabisfair.com.br/">Medical Cannabis Fair</a>, feira paralela voltada à exposição de produtos, serviços e soluções tecnológicas do setor. A feira deve atrair profissionais da saúde, investidores, startups e empresas de biotecnologia.</p><p>"A Medical Cannabis Fair e o Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal consolidam o Brasil como um dos polos mais relevantes na discussão global sobre o uso terapêutico e científico da cannabis.", finaliza Daniel Jordão, diretor da Sechat.</p>
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