Alzheimer
A doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo causado por proteínas mal processadas, que formam fragmentos tóxicos tanto dentro dos neurônios quanto nos espaços entre eles. Essa toxicidade provoca a perda gradual de neurônios em áreas cerebrais essenciais, como o hipocampo, responsável pela memória, e o córtex cerebral, crucial para a linguagem, raciocínio, memória, reconhecimento sensorial e pensamento abstrato. Dessa forma, a doença compromete funções vitais do sistema nervoso.
A ausência de tratamentos eficazes para o Alzheimer preocupa médicos, pacientes e familiares. A doença é marcada pela perda irreversível e progressiva da memória, apresentando um grande desafio para a ciência. Nesse cenário, o canabidiol (CBD) tem mostrado resultados promissores no controle dos sintomas da doença devido às suas propriedades neuroprotetoras.
Em 2016, pesquisadores do Salk Institute, na Califórnia (EUA), encontraram evidências preliminares de que o tetrahidrocanabinol (THC) e outros fitocanabinoides presentes na Cannabis poderiam remover a beta-amiloide, proteína que forma placas no cérebro associadas ao Alzheimer. Os testes, realizados em neurônios cultivados em laboratório, sugerem a possibilidade de novas terapias para a doença. Em 2017, a Anvisa autorizou pela primeira vez a prescrição de óleo enriquecido com CBD para tratar um paciente com Alzheimer no Brasil.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) destacam que relatos de casos isolados não são suficientes para avaliar a eficácia e segurança de um tratamento, sendo necessários ensaios clínicos controlados com placebo para conclusões confiáveis. Embora os derivados da cannabis possam se tornar uma opção terapêutica útil contra o Alzheimer, ainda estão em fases iniciais de testes em humanos e animais.
Na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o canabidiol foi testado em ratos com Alzheimer, apresentando resultados promissores. No entanto, a farmacêutica Nadja Schröder, líder do experimento, afirma que os testes em humanos são mais complexos e caros, não estando previstos a curto prazo. Na Universidade de São Paulo (USP), um estudo publicado em 2019 também mostrou efeitos positivos do CBD na memória de animais, mas ainda não se pode afirmar se esses benefícios se aplicam a humanos.
Outro estudo que ganhou destaque na mídia foi a "reversão" de sintomas de um paciente de 78 anos tratado com canabidiol (CBD) e altas doses de tetrahidrocanabinol (THC). Realizado na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), o estudo baseou-se nas respostas de um único voluntário, o avô de um dos pesquisadores, mostrando resultados promissores. Contudo, devido ao número limitado de participantes, o estudo não conseguiu confirmar a eficácia do tratamento.
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https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9479694/
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35105293/
https://jcannabisresearch.biomedcentral.com/articles/10.1186/s42238-022-00119-y